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sexta-feira, 20 de março de 2015

‘Zagueiro’, o que marcha na retaguarda da tropa


“Uma guerra sem tiros.” A definição que o escritor inglês George Orwell deu para as competições esportivas, em artigo de dezembro de 1945, estava longe de ser uma exaltação, embora tivesse a desculpa de trazer bem fresca a memória da maior de todas as guerras reais. Também não se referia exclusivamente ao futebol, mas é em tal contexto – e frequentemente em tom positivo – que costuma ser lembrada.
Faz sentido. Não é à toa que o vocabulário bélico perpassa o do futebol, como se vê de maneira óbvia no “artilheiro” e, de forma menos evidente, no “zagueiro”. Esta é a curiosidade etimológica de hoje, inspirada pela façanha dos brasileiros David Luiz e, principalmente, Thiago Silva (foto), do francês Paris Saint-German, no empate fora de casa que eliminou a equipe inglesa do Chelsea da Liga dos Campeões.

Fomos buscar “zagueiro” no espanhol zaguero, o que torna a palavra uma exceção num universo de termos que em sua maioria foram importados, como o próprio futebol, da Inglaterra. Foi, aliás, o anglicismo “beque” – de back, “parte de trás” – que o espanholismo terminou por substituir na preferência nacional.

Segundo o filólogo catalão Joan Corominas, zaga é um termo oriundo, ainda no século XII, do árabe sáqa (“retaguarda de um exército ou um rebanho”). Tinha, a princípio, duas acepções no idioma de Lionel Messi: parte traseira de qualquer coisa e, na linguagem militar, o pelotão mais recuado de uma tropa.

Evidentemente, foi tomando esta última acepção como metáfora que o jargão esportivo do século XX nomeou a zaga e o zagueiro.
Por Sergio Rodrigues/ Sobre Palavras

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