Fim do efeito Tiririca
Um dos maiores trunfos do voto distrital é acabar com a figura dos
puxadores de voto, muito comuns no sistema proporcional. Nas eleições de
2014, por exemplo, apenas 38 dos 513 deputados foram eleitos por suas
próprias pernas - o restante contou com votos dados a outros políticos
ou às suas legendas. "Os partidos melhor estruturados em nível municipal
teriam nítidas vantagens sobre os menos organizados — fenômenos como
Romário, Tiririca, Russomano, Chalita, Enéas, e tantos outros, teriam
impacto muito mais limitado, porque não transfeririam votos para eleger
colegas de legenda praticamente desconhecidos", avaliou o cientista
político Carlos Pio. Um exemplo clássico é o do deputado Capitão Augusto
(PR-SP), fundador do Partido Militar Brasileiro, ainda não homologado.
No pleito do ano passado, ele recebeu apenas 46.905 votos, mas foi
eleito puxado por Tiririca, que conseguiu mais de 1 milhão de votos.
Aumenta eficiência do Congresso
O número elevado de partidos políticos representados na Câmara - 28 - é o grande responsável pela ineficiência do Congresso, pontuam especialistas. Isso porque o governo se vê obrigado a distribuir cargos e conceder emendas parlamentares aos políticos em troca da aprovação de projetos essenciais para o Estado. "O problema não é ter 500 partidos. O problema é ter de 20 a 30 partidos na Câmara", avalia o jurista Elival da Silva Ramos. "Em todos os governos do período democrático, de Sarney a Dilma, a prática é igual: o presidente precisa negociar. Tanto o PT como o PSDB e o PMDB, que são os maiores partidos hoje, são minorias no Congresso. Ou seja, há sempre a necessidade de captar votos dos partidos pequenos que não tem nenhum conteúdo programático e representatividade. Esse é o motor da fisiologia, que por vezes escamba para a corrupção", afirmou Ramos, que é procurador geral do Estado de São Paulo. Por sua vez, críticos à medida alegam que as minorias, ligadas a centrais sindicais, movimentos sociais e correntes religiosas, seriam extintas com a adoção do modelo por precisarem de respaldo em nível nacional para serem eleitas.Redução nos custos de campanha
No sistema proporcional, os candidatos a deputado federal e estadual e
vereador precisam percorrer todo o Estado (ou cidade) em carreatas caras
para se fazerem conhecidos. Já no voto distrital, eles se limitariam a
uma área bem menor, diminuindo os gastos com campanha. O senador José
Serra (PSDB-SP) argumenta que, se sua lei fosse implantada, acarretaria
numa economia na ordem de 5 bilhões de reais.
Aumento da representatividade do Congresso
Além de estreitar as relações entre o político e a sua base eleitoral, o
eleitor tem consciência plena de quem o representa na sua localidade,
assim como não é difícil esquecer o nome do prefeito da sua cidade. "É
impossível para um cérebro humano processar e guardar na memoria tantos
nomes", avalia o cientista político Paulo Kramer. A principal
consequência disso é o aumento da fiscalização sobre o político, que
fica muito mais acorrentado à sua base do que aos interesses do seu
partido.
Simplificação no processo de escolha
Ao invés de ter de escolher entre mais de 1.000 candidatos a deputado
federal, por exemplo, como ocorre no sistema proporcional, o eleitor
optaria por no máximo 32 nomes - número total de partidos que existe
atualmente, já que cada legenda só poderia indicar um candidato por
distrito. A multidão de políticos que fazem aparições relâmpago na
propaganda eleitoral televisiva desaparecia. E ficaria muito fácil
estudar a trajetória dos pretendentes.
Portal Veja Abril
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