Um dos publicitários mais populares do Brasil, Washington Olivetto só
se nega a fazer uma coisa pelo país: campanha política. "Costumo dizer
que, para mim, o dinheiro das campanhas políticas foi um dinheiro muito
bom de não ganhar”, diz ele. Recentemente, Washington conquistou a maior
honraria da publicidade mundial, entrar para o Hall da Fama do The One Club de Nova York. É o primeiro não anglo-saxão a fazer parte do restrito time.
Por que nunca fez campanha política?
É uma opção individual. Tenho amigos que fazem, alguns até bem famosos,
como o francês Jacques Séguéla, que ajudou a eleger François Mitterrand
na França, aconselhando o político a cerrar um pouco seus dentes
caninos que eram muito pontiagudos e lhe davam uma aparência demoníaca.
Séguéla disse a ele que ninguém queria votar no diabo. Prefiro anunciar
produtos que o consumidor possa devolver se não gostar, ao invés de ter
que aguentar 4 anos.
Como a publicidade sobrevive à censura do 'politicamente correto'?
Sou contra qualquer radicalismo e é triste viver momentos como esse. A
propaganda não combina com isso, pois tem que ser simpática e amiga.
Acho o politicamente incorreto mal-educado, e o politicamente correto,
chato. Acredito que o caminho é o senso de humor e a irreverência, e não
se pode nunca tratar o consumidor como um ser sem inteligência. Ele
pode ser simples, sem nível intelectual, sem poder aquisitivo, mas é
sempre inteligente.
O brasileiro vai consumir menos na crise?
O ato de consumir é, basicamente, um gesto otimista. Uma moça só compra
uma maquiagem na intenção de ficar bonita; uma pessoa compra um tênis
para ficar saudável; até remédio, que é algo menos agradável de
consumir, você compra para ficar bom. Consumo é um ato de esperança. E o
Brasil, hoje, vive um momento de 'desotimismo' e desesperança. Isso
atrapalha nosso trabalho, porque fica mais difícil vender. Acho bonito
quando dizem que a crise é ótima porque apresenta oportunidades. Eu
preferia viver sem crise. Mas é minha obrigação apresentar soluções
novas aos meus clientes.
Fonte: Portal Época
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